domingo, 31 de outubro de 2010

Citações de revistas sobre a Crítica Bíblica II

Abaixo, mais amostras de reportagens sobre a crítica bíblica a respeito de Jesus e a Bíblia como Palavra de Deus, agora, retiradas da Editora Globo, revistas Época e Galileu.

A FAMÍLIA OCULTA DE JESUS

“Intrigado com a implicância que os evangelistas tinham com os parentes de Jesus, o jornalista A.N. Wilson, autor de Jesus, um Retrato do Homem (Ediouro), faz outra afirmação chocante. Diz que o primeiro casamento do carpinteiro José, antes de conhecer a mãe de Cristo, 'foi provavelmente inventado para satisfazer àqueles que, como os atuais católicos romanos, eram instigados a acreditar na virgindade perpétua de Maria'. O jornalista recorre ao Evangelho de São Marcos para afirmar que Jesus fazia parte de uma grande família e teve quatro irmãos - Tiago, José, Simão e Judas - e duas irmãs. E mais: lembra que praticamente todas as referências à família, tanto nos evangelhos canônicos como nos apócrifos, são de conflito. Os parentes de Jesus seriam briguentos. Nesses textos, observa Wilson, Jesus surge como homem rude, que repreende a mãe, abandona o lar, renuncia à família e parte para pregar” (Época, 14/04/2003)

ALÉM DA BÍBLIA

“No caso dos cristãos, a seleção(dos textos) também foi feita aos poucos, eliminando-se versões que, por um motivo ou outro, não eram aceitas pela maioria das comunidades ou pareciam conflitar com o corpo dos ensinamentos. O evangelho de Maria Madalena afirmava que não existia pecado. Em seus relatos, as mulheres exerciam posições de liderança nas comunidades cristãs. No livro, Madalena não teria sido uma prostituta, como dizem os Evangelhos oficiais, mas uma seguidora do mestre. Livros com relatos da infância de Jesus também ficaram de fora, como os que descrevem a capacidade do Messias de transformar pássaros de barro em animais vivos com seu sopro. O cânon católico, com 73 escritos, só foi definido em 1546, durante o Concílio de Trento. No mesmo período os protestantes rejeitaram sete livros do Antigo Testamento não escritos em hebraico ou aramaico. Até hoje os evangélicos consideram apócrifos textos como Judite e Eclesiástico” ”(Época, 28/07/2003)

“Mas mesmo nos textos aceitos por todas as vertentes cristãs há controvérsia quanto a trechos que teriam sido acrescidos posteriormente para estimular o comprometimento dos fiéis ou formatar a religião. O final do Evangelho de Marcos, que menciona a ascensão de Jesus, pode ter sido acrescentado para reforçar seu caráter divino e a missão que deixou aos discípulos. Outro possível acréscimo seria a história da pecadora prestes a ser apedrejada que foi salva por Jesus, relatada por João, talvez para consolidar uma imagem misericordiosa do mestre. Como tudo o que se refere ao livro sagrado, essas hipóteses dificilmente poderão ser esclarecidas em definitivo”(Época, 28/07/2003)

A BÍBLIA REESCRITA PELA CIÊNCIA

“Episódios como a fuga do Egito, a conquista da Terra Prometida e o reinado de Davi e Salomão compõem a obra essencial do mundo ocidental. É ela que deu o fundamento religioso ao judaísmo, e assim consolidou as aspirações de um povo. Sob o nome de Antigo Testamento, é ela que também deu início a uma religião revolucionária, com base nos ensinamentos de Jesus. Muitas pessoas hoje lêem esses textos sagrados como se fossem livros de História - ou seja, relatos ao pé da letra sobre o que aconteceu em determinada época. Outras afirmam justamente o contrário, que quase nada do que está descrito na Bíblia realmente ocorreu. O texto, segundo elas, consistiria simplesmente em uma pregação feita em linguagem figurada e poética, própria de seu tempo, e sem relação com a História factual”

“Por anos, os cientistas buscaram o indícios de um Moisés histórico, sem sucesso. É pouco provável que existisse um líder tão importante comandando uma revolta de proporções, e ainda criado por uma filha de faraó, sem que isso fosse registrado nos documentos oficiais ä egípcios”

“O que os especialistas vêm descobrindo, com cada vez maior clareza, é que o Antigo Testamento foi composto de uma série de lembranças ancestrais, lendas, mitos e histórias populares de diversas tribos israelitas, todos 'costurados' em um único texto ... Segundo os especialistas, a Bíblia pegou uma série de histórias e lendas de personagens como Abraão, Moisés e Josué, que existiam isoladamente, e colocou-as juntas em um mesmo texto. Essa composição ocorreu provavelmente nas últimas décadas do século VII a.C., no pequeno reino de Judá

“os cientistas têm concluído que a dinastia real de Davi não era tão poderosa como diz a tradição bíblica. Tudo indica que Davi, Salomão e sua dinastia governavam apenas Judá, e não um reino unificado. Israel, mais poderoso que Judá entre os séculos XI a.C. e X a.C., possuía outros governantes e uma relação comercial mais intensa com as regiões adjacentes. Além disso, na época de Davi e Salomão, Jerusalém, centro administrativo de seu reino, era uma cidade pequena e pouco influente. Ela só iria se tornar um centro expressivo séculos depois. 'O reino de Judá permaneceu relativamente desocupado de uma população permanente, muito isolado e marginal durante e logo depois do tempo presumido de Davi e Salomão, sem grandes centros urbanos e sem hierarquia articulada de vilas, aldeias e cidades', escrevem Finkelstein e Silberman” Época, 22/12/2003).

RECONSTRUINDO JESUS

“Novas descobertas trazem à tona um homem simples, talvez analfabeto, difícil de ser rastreado e longe de se sentir uma entidade poderosa e onisciente. Como ficam as crenças cristãs diante desse Jesus histórico?”

“"Em todo o mundo romano, o costume era abandonar o cadáver na cruz, para ser comido por abutres ou cães", lembra o historiador da UFRJ. Ele também diz ser suspeita a figura de José de Arimatéia, judeu rico e simpatizante de Jesus que teria obtido seu corpo e organizado o sepultamento, segundo os Evangelhos. "Camponeses como os seguidores de Jesus não teriam como se dirigir a Pilatos para exigir o corpo. Assim, os evangelistas têm o problema de explicar o sepultamento de Jesus e usam a figura de Arimatéia, que praticamente cai de pára-quedas na narrativa" (Galileu, ed 206)

O DESAFIO DE ENTENDER JESUS

Esses relatos(dos Evangelhos) misturam, com muita liberdade, fatos históricos e enfeites mitológicos, e atribuem a cada episódio um significado transcendental. "Há neles uma clara tentativa de adaptar os detalhes da vida de Jesus às profecias do Antigo Testamento"

“Na construção do mito de Jesus, que prosseguiu muitos séculos após a redação dos evangelhos, não entraram apenas elementos da tradição judaica, mas também do mundo pagão. Os estudiosos apontam claros paralelos entre a imagem mitológica de Jesus e divind ades como Mitra, Apolo e Dionísio. E o pesquisador francês Alain Daniélou vai mais longe, identificando no Jesus mítico importantes traços de uma das religiões mais antigas do planeta, o xivaísmo indiano, cujos vestígios remontam à pré-história” (Galileu, ed. 113)

O QUE ACONTECEU DEPOIS DA PÁSCOA

“Para criar uma religião mundial, o Jesus libertador do povo judeu foi transformado no Filho de Deus e ganhou o nome de Cristo”

“A religião cristã não começou com Jesus. Segundo estudos recentes feitos por historiadores e teólogos cristãos, a imagem desse homem como Filho de Deus surgiu alguns anos após sua morte em Jerusalém por volta do ano 30 do que hoje chamamos Era Cristã. Mais ainda: a versão de que Jesus teria sido condenado pelo povo judeu passou a ser construída muito depois de sua morte, com a elaboração dos evangelhos”.

“O Cristo celestial de Paulo obscurece o Jesus histórico, cresce com o Império Romano e se expande para o mundo” (Galileu, ed 117)

2 comentários:

  1. Muitos desses relatos da revista Época não levam em conta (e nem cita) os escritos de Josefo, considerado um dos maiores escritores da antiguidade. Em seus escritos fica claro a historia com H de Jesus e tudo o que o cerca, principalmente os eventos da sua prisão e morte. Quanto a ressurreição, Josefo fala sempre de forma a comunicar noticias de terceiros.

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  2. Excelente artigo. Tenho lido e estudado sobre o assunto, além ter ter alguns exemplares de algumas revistas dessas duas editoras que falam do assunto (assunto muito explorado, principalmente em datas relevantes tais como natal e semana santa), sendo está a ênfase principal: Bíblia: história de mitos e lendas; Ciência (a que refuta a Bíblia): Nós estamos com a verdade. Por isso, acho de relevância sem tamanho publicações de temas com esse, com a finalidade de fazer uma teologia honesta e uma apologia ao mesmo tempo que é sincera é agressiva contra o erro e engano, visando a edificação e informação de muitos.

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